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Fugindo da realidade

Não existe nada mais triste quando me deparo  com a situação de um jovem adolescente totalmente dependente de uma droga. 

Quando isso acontece, um cenário escuro, sem brilho e sem futuro aparece, como também surge o medo de que a adolescência passe a ser uma fase de tormentas e dificuldades para o próprio e para todos os que o cercam.

A droga, é um problema, mas acredito que o mais difícil é entender e descobrir porque o jovem adolescente de boa família, que recebe bons cuidados e estuda em ótimas escolas, viaja e tem lazer, escolhe fugir dessa realidade para uma outra que em um primeiro plano parece uma brincadeira, mas passos a frente se torna um verdadeiro inimigo.

Trabalhando com jovens adolescentes há muito tempo, buscando entender seus propósitos ao se entregar para uma substância que provoca um estado alterado de consciência ou até alucinações, percebo que a busca é mais profunda.

Observando os adolescentes e ajudando-os no caminho de volta, percebo que existe a necessidade de preencher um tipo de vazio.

As fantasias adolescentes

No lugar, eles colocam através da fuga da realidade, fantasias, algumas até parecem infantis, como as que temos quando crianças, como sentir-se poderoso, amado, olhado, acolhido.

Na fantasia do adolescente, sua timidez e medo tornam-se coragem, o receio de se expor deixa de existir e surge um personagem alegre, seguro e auto confiante.

Na fantasia, o vazio é preenchido por amor, aceitação e outros sentimentos importantes para nossa sobrevivência emocional.

São momentos de paz, alegria e plenitude, mas que dura algum tempo e depois,  o jovem adolescente  emerge para a realidade e ao comparar  a  sensação anterior  com sua vida real,  a percepção do adolescente é que tudo é difícil e ruim, sendo assim, sente que sua única alternativa é voltar para aquele estado de fantasia, fugindo assim da realidade.

Isso torna-se um circulo vicioso. E um dia,  as fantasias que na verdade, são produzidas em nosso inconsciente e surgem em estados alterados de consciências ficam apagadas ou não provocam mais os sentimentos de alegria e prazer.

Esse é um momento crucial, existem duas possibilidades,  o adolescente para e entende que a realidade pode ser transformada e portanto, ser melhor.

Ou ele busca outro tipo de droga para continuar a fugir da realidade.

Não acredito que o problema seja só da família, pois todos nós já nascemos com algum tipo de predisposição e uma leitura a priori do mundo, mas acho que os pais devem procurar estar perto dos seus filhos conhecendo-os para ajudá-los e fazendo-os viver  e valorizar a realidade com  humildade, respeito e amor pela vida.

Marilena Borges
Especialista em Psicologia clinica e Consultora Organizacional.
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Marilena Borges

Graduada em Psicologia com especialização em Psicologia Clínica e Mestre em Filosofia. Sócia e diretora do ESEDES.

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