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Eneagrama: Centro Físico e a Energia do Instinto

A energia dos instintos é a inteligência do corpo. O centro físico é um centro de inteligência. E esse centro tem, basicamente, como fonte principal, a energia dos instintos de sobrevivência.

A primeira leitura do ser humano de que ele é alguém, um indivíduo diferente dos outros, é pelo corpo. Ou seja, o primeiro ego é o ego corporal.

Percebemos na criança, desde o nascimento, uma intenção de se ver, se tocar e, a partir daí, se diferenciar dos outros. Observe um bebê, ele olha as suas mãozinhas, levanta suas pernas e tenta tocar seus pés, está se descobrindo, ou seja, se percebendo um eu.

As primeiras informações detectadas pelo ser humano são as sensações corpóreas. Ele tem sensações e expressa, pelo choro, o que não está bem; pelo sorriso, o que é prazeroso. As primeiras sensações estão diretamente relacionadas ao prazer e ao desprazer, o que vai constituir, depois, a base de nossa relação com o que foi bom e ruim desde o início da nossa vida.

O centro instintivo ou físico

O centro instintivo ou físico está relacionado a um tipo de compreensão vivencial da realidade. Para se entender uma situação usando-se essa inteligência é preciso experimentá-la e, através da experiência, da ação em si, da interação com o mundo, captando-o sensorialmente através do corpo, vão se formando percepções práticas sobre as situações, relações e os objetos. O centro físico proporciona estabilidade, pois centra no aqui e agora o que gera contato com a força vital que está em constante movimento e expande a presença.

Todos os tipos, de alguma forma, se distanciaram de sua força vital ao perderem o contato com sua essência. Afastados do contato com esse eu interior real, a essência, a personalidade, tentam preencher o vazio pela perda do vínculo original, o que gera reações emocionais desproporcionais que vão, aos poucos, se tornando estratégias com as quais o ser vai aprendendo a lidar e, pouco a pouco, se identificando com elas, conseguindo as coisas que quer, obtendo, assim, uma falsa sensação de autonomia.

Para se firmar esse intento, a personalidade cria aquilo que a psicologia chama de limites do ego, que capacita o indivíduo a dizer: “isto sou eu e aquilo não é”; “aquilo lá fora não sou eu, mas isto aqui dentro: pensamento ou sentimento, aqui sou eu”. Em geral, pensa-se que esses limites se aplicam à própria pele e, por isso, às dimensões do corpo físico, mas isso nem sempre acontece. Esse conjunto de tensões interiores que gera a noção inconsciente do eu é a base da personalidade, a primeira camada. Assim, cada tipo de personalidade substitui determinadas qualidades essenciais por imitações com as quais se identifica e das quais busca extrair o máximo como estratégia de sobrevivência física, emocional e mental.

As pessoas acabam, assim, carregando consigo uma noção de eu baseada nas sensações com as quais se identificam, o que tem pouco a ver com a forma que seu corpo tem, como se coloca ou com o que se está fazendo, sentido essencial do corpo. Ou seja, aprende-se a fazer coisas com o corpo, até cuidar dele, mas pouco se ocupa, ou está presente com toda vitalidade.

Os tipos do centro físico

As tipologias 1, 8 e 9 se fixaram, isto é, se formaram em torno dessa principal distorção, por isso esses tipos são os que menos livremente usam a sabedoria do corpo, embora utilizem-na de maneira distorcida o tempo todo.

A força do centro físico está na energia vital do corpo, que dá estabilidade e presença ao indivíduo, coloca-o no aqui e agora de forma prática, para a ação.

Quando essa força é mal utilizada, direcionada para outros fins que não sejam manter o indivíduo centrado em si mesmo e na sua ação e atuação, gera-se um vazio, algo que faz com que ele acredite que precisa usar essa energia para se defender do mundo de fora. A emoção gerada por essa sensação é a raiva, que pode ser externada ou internalizada, e das duas maneiras ela causa transtornos no indivíduo.

A melhor e mais bem sucedida maneira de estar em contato com a energia vital, é o estado de presença através da sensação do corpo e da respiração. Quem conseguir se observar e sentir-se presente no aqui e agora, conseguirá usar essa inteligência corporal, e isso já é uma maneira de entrar em contato com a essência.

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Marilena Borges

Graduada em Psicologia com especialização em Psicologia Clínica e Mestre em Filosofia. Sócia e diretora do ESEDES.

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