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A arte da inocência

Infância, época maravilhosa ou pelo menos deveria ser, época em que estamos descobrindo a vida, o mundo, as dificuldades, mas também, a beleza, o amor e as coisas boas e gostosas da vida. Época de inocência, quando tudo é simples, a vida é muito fácil e pequenas coisas já satisfazem.  Os brinquedos são a fascinação, trazem estímulos, curiosidades, mas as caixas também são interessantes, são coloridas, servem como base de um carrinho de papelão.

A inocência traz em pauta os verdadeiros interesses, as crianças mostram nessa fase suas verdadeiras aptidões, se gostam de desenhar, passam horas a fazê-los, podem futuramente se tornar grandes cientistas da computação, pois vivem em frente ao computador. Mas, pode ser que queiram apenas descobrir como as coisas funcionam e, portanto, destroem todos os brinquedos e até os eletrodomésticos da casa para realizar sua vontade.

Nessa fase, aparecem os grandes atletas, não podem ver uma bola, e na TV, só se for esporte, de preferência, futebol. Além dos futuros jornalistas, que falam e contam todas aquelas imensas histórias ou os atores e atrizes que adoram se exibir para as visitas e parentes nas festinhas.

Enfim, tudo isso e mais um pouco, é a infância, o que vale é ser inocente, brincar, às vezes brigar, quando não se quer dividir o brinquedo ou o doce preferido com o irmão ou até amigo. A inocência de achar que o mundo é todo meu, que todos os espaços existem para mim e que eu sou o dono dele. A inocência traz a verdade de mostrar quem somos, choramos, brigamos, berramos e pedimos colo, amor e carinho, pois é isto que nos nutre e nos tornará fortes para a vida.

Quando crescemos, perdemos essa inocência e passamos a competir, mentir ou omitir de nós mesmos nossos desejos, vontades, necessidades e criamos uma armadura cheia de mecanismos de defesa para lidar com os outros, que de amiguinhos passaram a ser rivais. Mas tudo isso com muita diplomacia e aparência de que somos as pessoas mais preocupadas e amigas do próximo.

Pura ilusão, pois perdemos a inocência, a virtude de olhar para o outro e saber que ele é como eu. E eu não posso machucar o outro, pois estaria machucando a mim mesmo.

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Marilena Borges

Graduada em Psicologia com especialização em Psicologia Clínica e Mestre em Filosofia. Sócia e diretora do ESEDES.

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